segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Alma gemea

Alma gemea, tem momentos
Que minha alma te deseja
Que minha boca canta e beija
Te desfruta em pensamentos

Alma gemea, tem momentos
Que meu coracao se abre
Te procura num delirio
E se acalma ao te encontrar

Alma gemea, tem momentos
Em que eu choro doces lagrimas
Que eu confesso que te amo
So pra mim, so pra voce

Alma gemea, tem momentos
Que me fundo com voce
Me confundo com voce
Perco minha identidade

Alma gemea, tem uma coisa
Que eu preciso te dizer
Eu nao sei o que eu seria
Se nao fosse por voce

Maos de Zackia

Maos tao lindas, tao finas,
Os dedos tao frageis...
As maos de Zackia
- maos do vento –
Tao leves, Zackia...
Eu ainda queria
Pega-las pra mim!

Maos de Zackia!
No meu peito ardia
A dor de mim mesmo...
As maos de Zackia
Tocaram meu peito
E eu entao sorria!

Maos de Zackia!
Meus olhos choravam
As lagrimas frias...
As maos de Zackia
Tocaram meu rosto
E eu entao sorria!

Mas maos de Zackia,
Maos magicas, de vida,
Estava eu ali,
- meio morto – dizias,
O que tu farias?

A vida eh so tua,
Zackia das maos,
Das maos de tristeza,
Das maos de alegria
Das maos que me deram
Tamanha energia...
Ah, maos de Zackia!
Eu bem as queria
Mais perto de mim!

Mas nada podia
- nem maos de Zackia
- tristeza, folia –
Tirar-me, a vontade
De tal anarquia
Que vive em meu peito
Amor tao perfeito
A morte vem levar
Ao nascer o dia...

Nao chores, Zackia!
As maos vao a face,
Cessada a anarquia!
Nao chores Zackia!
Eu vejo nas nuvens
as maos que eu pedia!

Zackia, nao chores!
Eu tenho alegria!
Te vejo em mil fontes
E mil regalias...

As maos de Zackia
Sao leves, sao lindas
Como a subita morte
Que vem me buscar
Ao raiar do dia...

Masoquismo

Ai doi coracao,
Que a angustia infundada
Tomou por morada
Teus dominios vaos

Os teus olhos falam
Por gotas sangrentas
Teus labios nao menta
Mas so dor exalam

Tuas garras nao ferem
Afagam esse mar
De dores que querem
Ver-te agonizar

Em vez de tentar
Ver essa dor morta
Tu lhe abres as portas
E a deixas entrar...
 
E a cada vez mais
Cada vez mais fundo
Te isolas do mundo
Que em ti morto jaz

Fora outra tua sorte
Quica nao abismos
Nao estavas inerte
Nesse masoquismo

Heroi

Heroi...se o es eu nao sei
Apenas sei que admiro
Tua virtude, te contei,
Nao te amo, mas suspiro

Por teu pensamento fertil
Que deu-me gosto por mim
Que despiu-me da alma o tedio
Que eh tao simples porem

Pois tu foste que abriste
Os meus olhos de poeta
Que a poesia, nao so sonho

Eh a realidade triste,
Dura, que cerca e afeta
Essas linhas que eu componho.

Segundo soneto


Quando dos teus olhos negros
Uma luz negra vi brilhar
Eu chorei, resignada
A perder-se e a te amar.

Mesmo sabendo meu fado,
Com temores arrojados
Quis ter-te de novo em meus bracos
E so trizteza abracei

Meu coracao mal-amado
Se perdeu em tantas lagrimas
Que penou quanto eu penei!

Ah amor, amor amargo,
Que acendeu em fogo a pele
E que da pele expulsei...

Se for por voce

Babe se for por voce
Juro eu paro de fumar
Paro de agitar o lance
Desisto de viajar
Babe eu nao falo em ingles
Eu paro ate de estudar
Queimo o livro de alemao
Nem penso mais em frances
Mas se voce perguntar
Eu te ensino bem baixinho
Como se diz eu te amo
Ai ce vai me escutar
Dizer que ich liebe dich
E que sempre vou te amar
Babe se for por voce
Eu largo o vestibular
Eu vendo o anel de brilhante
E mudo pra outro lugar
Corto o cabelo de novo
Paro de filosofar
Eu nao chupo mais chiclete
Desaprendo a assobiar
Babe se for por voce
Eu nao saio mais de sabado
Nao voto mais no PT
Paro de ser militante
Deixo as unhas crescer
Comeco a ver Silvio Santos
E namoro na teve
Te dou tantos beijos, tantos
Que te sufoco, babe

Darling

Darling eu queria dizer
Com voce foi diferente
Eu adorei ter voce
Eu sonhei ao ver o ceu
E ansiei pela manha
Eu fiquei meio perdida
Na varanda, na piscina
Esperando pra te ver
Enquanto os outros dormiam
Sentei na escada de pedra
Voce chegou eu sorri
Dissimulados nos dois
Fomos juntos ao boliche
Eu querendo te abracar
Voce querendo me amar
Quando penso que acabou
Eu quero morrer de saudades
Darling porque voce sabe
Com voce foi diferente
Eu adorei ter voce..

Stranger

Na primeira e unica vez
Que eu fitei teus olhos lindos
Mais pareciam dois sois
Derramando ouro e mel
Eu pasmei, enfeiticada
De querer que fossem meus
De imaginar as docuras
Os delirios, os prazeres,
As sensacoes mais singelas,
Os momentos de candura
Que eu teria ao lado deles
Eram duas estrelas vivas
Presas numa expressao timida
Que ansiavam por ser livres
E enlouquecer outros olhos
Com seu tamanho esplendor
Foi isso que aconteceu
Na primeira e unica vez
Que eu pude ve-los de perto
Teus olhos me fascinaram
E tem noites, nos meus sonhos
Que eles vem me visitar
Como dois pequenos sois
Acendem uma vontade
Secreta no coracao
Stranger, vem me enfeiticar!

Anjo

Na lua que brilha aqui
Mora um anjo benfeitor
Que na brancura da noite
Guarda cancoes de ninar

E ele canta e extasia
As nuvens do ceu azul
E me embala no meu sonho
Depois me acorda de dia

Anjo, eu queria te ver
No ceu azul claro, no sol
Mas voce so aparece
No meio da noite branca

Anjo eu queria saber
Se voce eh de verdade
Ou se eh so sonho meu
No meio da Eternidade

No meio da Eternalouca
Da louca eterna que eu sou
Se voce for de mentira
Quem sera que me inventou?

Obra de arte (primeiro soneto)

No encanto dos teus olhos
Mil cores eu vi crescer,
E na lagrima convicta,
O meu sonho carecer

Mas teus olhos, desolados
Qual a chuva nos telhados
Vao mostrando que essas cores
Somem – como somem meus amores

Este soneto imperfeito
Tem arestas que eu queria
Quebrar -  mas nao posso

Entao paro, contrafeito
Meu desejo de escrever,
E embebedo-me no ocio

Caro amigo

Diz, meu caro amigo
Ja que estou desconsolada
O que ocorre comigo
Que eu mesma nao sei dizer?

Diz, meu caro amigo
Agora que nao sou nada
E que fraca esta minha alma
Diz, o que se faz mister?

Diz, amigo caro
Que ainda me perdoas,
Ja que o desafio amaro
Pareceu-me coisa a toa...

Diz que ainda me perdoas
Diz que ainda me perdoas

Pequeno eh o sol

Pequeno eh o sol
Que brilha em mim
Que quando encontra
A tua estrela
Retrai-se
E se enclausura
Que tua luz
Eh tao intensa
E tao mais linda
Pois que nao pensa
Em se mostrar
E brilha
Somente por brilhar

“Vende-se um sofa bicama”

Quando eu tinha doze anos
Queria me chamar Patricia
E vivia naquele mundo
Que a gente cria pra gente
Quando comeca a crescer

E pra entrar naquele mundo
Era so fechar a porta
E ficar so no meu quarto
Em meio aos contos de fada
E o po dos livros ja lidos

Em cima da cama estavam
As bonecas e almofadas
Que eu tinha ganhado da tia
Como o tapete e o lustre
E ate a colcha cor-de-rosa

Na cama eu nunca sentava
Nao queria amarrotar
O meu sonho de crianca...
Os moveis, bonecas, tudo,
Tudo ficava impecavel.

No outro canto da quarto
Ficava o sofa-bicama
Que sobrava na mobilia
- Unico sobrevivente
Da infancia noutra casa.

Mas era nesse sofa
em vermelho e xadrez preto
Que eu deitava todas tardes
Sempre com um livro nas maos
E comecava a sonhar...

Mergulhava nas historias
Povoanto o teto branco
De mil sonhos e suspiros,
De cenarios coloridos,
De mil romances de amor.

Era ali que eu criava
Ilusoes da puberdade
Contava no dedo os anos
Que faltavam pros dezoito
Quando eu sairia de casa...

Ia trabalhar num jornal,
Estudar na faculdade,
E teria um namorado
Que viria me buscar
As onze horas da noite

Sonhava que iria ser
Uma escritora famosa
Dedicada ao meu trabalho
Que me realizaria
Eu seria tao feliz!!!

Deitada no meu sofa
Sonhava o primeiro beijo...
E as vezes me angustiava
Pensar como tardaria
- anos – ate que eu casasse...

Nao tanto pelo casamento
Porque esse desde cedo
Deixara de me seduzir
Mas por que eu tinha vontade
De estar junto de um homem...
                                                 
De beija-lo e abraca-lo
E fazer amor com ele
Ter que esperar tantos anos...
Isso me exasperava
A solucao? Casamento...

Mas o tempo foi passando
E com ele minhas ideias
Aos poucos se transformando
Os sonhos foram mudando
Foram caindo por terra

A fantasia do beijo
Logo se quebrou em lagrimas...
Sair de casa aos dezoito
E morar com minhas primas
Se tornou impraticavel...

 O emprego no jornal?
Ah que ilusao infantil!
Sem nenhuma experiencia
Sem estar na faculdade
Como eh que vou conseguir?

Ficou porem a vontade
De me tornar escritora
De ter um amor na vida
Mas que amor diferente
Daquele sonhado aos doze!

Beijos e abracos ja tenho,
Mas amor eh outra coisa
Mas amor eh diferente
Eh compreener, perdoar
Mesmo antes de ter pecado...

Minha angustia de casar
Hoje vejo que era tola.
O acaso nos surpreende...
Fazer amor so amando
E isso com  tempo vem.

Minhas bonecas se foram,
A colcha, o lustre, almofadas...
O tapete de croche,
Ate a cama da infancia
E a casinha da Susi...

Mas quando entro no meu quarto
Tem algo que me desgosta...
Um dia desses vou por
Um anuncio no jornal:
“Vende-se um sofa bicama”

Heroina

Procurei, em vao procurei
Qualquer va inspiracao
Que pudesse libertar
Anagramas de condao

Que ainda nao foram inventados
- E nem sei se o serao –
Mas que viessem dizer-te
Da grandeza do teu fado

Fado talvez, que ingratos,
Nao sabem ver-te o valor
Aqueles a quem ensinas

Mas continuas, eh inato
Que o escolheste por amor
Es de fato uma heroina

Minas

Eu sei que em Minas ha horizontes largos
Ha ceus azuis e de um azul sem fim
Ha nuvens brancas, algodao macio
Ha uma beleza que eu nao vejo aqui.

Em Minas ha contrastes exultantes,
No ceu, nuances de varias azuis.
O cor-de-rosa alegra as nuvens puras
E flui da terra um verde exuberante.

As arvores tem copas fortes, belas,
Que guardam ninhos de mil rouxinois
De noite o ceu eh bordado de estrelas
A lua aponta e traz o amor pra nos.

Aqueles tons aqui sao esmaecidos
O ceu eh cinza, nao tem brilho e cor
O verde eh palido, os ninhos caidos.
A lua minguante mingua o nosso amor.

Olhos verdes

Os seus olhos verdes
Sao como esmeraldas
Passieam nas algas
Nos corais, nas praias,

Nos portos secretos
Que o meu corpo tem
Os seus olhos verdes
Sao doces, porem.

Os seus olhos verdes
Reluzem distantes
E no mesmo instante
Me fitam sorrindo!

Seus olhos tao lindos
Sao dois diamantes
De puro delirio!
Os seus olhos verdes...

Os seus olhos verdes
Sao oasis de amores
Sao paz e clamores
Que minha alma canta!

Sao calmos e ternos
Os seus olhos verdes
Narcotico eterno
Que ja me acalanta.

Os seus olhos verdes
So podiam ser
Espelho do verde
Desse paraiso...

Nao

Nao, nao pede nao!
Nao pede, que ja eh seu
Esse fragil coracao
Que so quer sorrir
Ao ver teus olhos!
E chorar,
Ao ler neles a verdade...

Noite

Noite...
Noite escura,
Ceu sem lua...
E voce?
Longe...
Longe desse ceu
Que cura meu viver!

Ah! Estou perdida
Dentro dessa escuridao!
Solidao...Coracao!

Meu amor,
Vem me beijar...
Nao quero mais acreditar 
Que estas
Tao perto de mim
assim....

Ah Noite,
Que fulgura
Neste ceu sem viva luz.
Noite que me afasta de voce!

Noite,
Traga ja meu coracao;
Solidao arde em meu peito
E seu jeito me fascina
Seu sorriso me ilumina!
Noite, traga o meu amor!

Do ceu se derramou toda pintura
E agora, talvez pura,
Peco a noite o meu viver...

Ah... Que vontade de chorar
Pedem meus olhos
Que so pedem entao te ver
Volta pra mim!

Assim cai a noite...
Eh solidao;
Meu coracao nao tem acao...
Noite.......